Edição Jornal de Leiria 29 de Abril de 2021
| O penhor é uma atividade muito antiga e que nunca parou. Mas tem crescido especialmente nesta fase de pandemia, não só porque muitas famílias não têm acesso ao crédito bancário, mas também porque a própria presença física no banco ficou algo dificultada com a Covid-19. Esta é a convicção do presidente da Associação de Prestamistas de Portugal. Neste cenário, observa Luís Valente, as casas de penhores têm-se apresentado como uma alternativa para muitas pessoas, que assim, de forma mais rápida, conseguem obter crédito e dar resposta aos seus compromissos, expõe o responsável. Nesta fase de expansão, o JORNAL DE LEIRIA foi conhecer o funcionamento do negócio, bem como as motivações de quem a ele tem recorrido.
Sara Alves, Catarina Alves e Paulo Cordeiro inauguraram a primeira Loja do Ouro em 2007 e contam atualmente com dez espaços do género na região Centro, dois dos quais em Leiria. Em breve, vão abrir uma loja de penhores em Lisboa.
O negócio, percebem, flutua consoante a crise. Presentemente, em fase de pandemia, estão a retomar o crescimento e a ponderar abrir novos espaços.
No entanto, observam, dificilmente o sector irá alcançar o boom verificado em 2011, até porque nesta altura as famílias já não possuem tanto ouro, do qual se desfizeram antes, e porque as ofertas deste material precioso, nos casamentos e nos batizados, foram perdendo expressão. Nas suas lojas, os penhores são exclusivamente de ouro. “A peça é avaliada de acordo com a cotação do dia. Somos avaliadores licenciados pela Imprensa Nacional Casa da Moeda”, salienta Sara Alves. “E funcionamos como fiéis depositários, guardando o bem em cofre do banco”, prossegue a gerente. No final do contrato e uma vez pagas as prestações, que incluem taxa de juro “inferior à de um cartão de crédito”, a peça volta para o cliente. “E todo o processo se rege pelas normas da Direcção-Geral de Atividades Económicas”, frisa Sara Alves. “Mais de 90% dos nossos clientes cumpre o pagamento durante o período fixado e recupera o artigo”, conta Paulo Cordeiro. Há quem recorra ao penhor para pagar uma conta inesperada, para fazer face à despesa de um acidente, mas também há quem o faça para conseguir entrada para comprar casa ou para fazer férias. O seu objetivo é obter empréstimo de forma mais rápida e sem burocracia, reforça o gerente.
A atividade prestamista está devidamente autorizada pela Direção-Geral das Atividades Económicas”, faz questão de realçar Luís Valente, presidente da APP, associação constituída há cinco anos e que integra mais de 20 empresas associadas de todo o País, algumas delas localizadas em Leiria. Nestas lojas, o cliente pode colocar no penhor um conjunto muito diversificado de artigos, havendo no entanto algumas exceções. É o caso dos bens imóveis, dos automóveis, dos artigos militares ou dos objetos destinados ao exercício do culto público, exemplifica Luís Valente. O bem é avaliado - sendo que o cliente pode sempre solicitar avaliação de um especialista externo - e a loja concede-lhe o empréstimo do
O presidente da APP explica que as casas de penhor têm recentemente aumentado o seu volume de negócios, embora o crescimento não vá chegar ao registado durante a crise de 2008. Porque as famílias já não possuem tanto ouro como nessa fase e porque iniciar a atividade de prestamista requer algum capital. E deixa um alerta: “O sector sofre uma forte concorrência, quer da atividade de compra e venda de ouro, quer de outras atividades relacionadas, que têm como objeto o ouro, e que ainda não estão regulamentadas”. Paulo Cordeiro, da Loja do Ouro, também alerta o consumidor para que não faça penhores “encapuçados” em casas não credenciadas, pois além de não ter proteção se algo correr mal, paga juros superiores aos estabelecidos por lei. É o caso das vendas com opção de compra, aponta.